O improviso

Vou falar um pouquinho aqui do “bicho papão” da dança para uma boa parte das alunas: o improviso!!! Quando vou trabalhar em sala de aula o improviso é sempre o mesmo dilema: “Pró, eu não sei improvisar”, “Eu não vou conseguir juntar os passos”, “Me dá um branco na hora, não lembro de passo nenhum” e por aí vai… Assim como aprendemos os movimentos, o improviso também é um aprendizado que vai evoluindo com a prática, ou seja, começamos do zero mesmo, temos que tentar sem medo.

A dança é arte, não se tem uma receita, nada é uma verdade absoluta… no improviso tudo conta, as limitações de cada aluna/bailarina, sua história de vida, seus medos… o improviso é um excelente exercício para quem dança… aprender a traduzir a música com o seu corpo. Sei que o processo inicial não é fácil, mas temos que dar o primeiro passo, não é?

Quando dancei a primeira vez na KK (Khan el Khalili – SP), em 2007, já como bailarina da casa, senti um friozinho na barriga, primeiro por estar ali com bailarinas maravilhosas que sempre admirei através de vídeos, que foram bancas na minha pré-seleção (ai, que “meda”… rsrs) e mais ainda por saber que  as músicas são escolhidas na hora pelo Jorge (Sabongi), ou seja, não tinha a mínima idéia do que iria dançar, poderia ser estilo moderno, uma clássica, um folclore, uma percussão (imagine dançar uma percussão sem nunca ter escutado… ai, ai, ai)… até que “tive sorte”… rsrs… dancei moderno e clássico. Hoje entendo bem porque as bailarinas da KK tem tanto domínio do improviso, não é fácil não, viu? Dançar improvisado conhecendo a música é uma coisa, dançar improvisado sem nunca ter escutado a música são outros quinhentos… rsrs… mas foi bom, me fez crescer como bailarina, ali na hora você tem que saber “se virar”, sentir a música e se deixar levar.

Aí vão algumas dicas para quem está começando a improvisar:

– Ouça várias músicas de diversos estilos, a música árabe é riquíssima, existem composições maravilhosas) e escolha uma ou duas que toquem você e dance, dance, dance, sem medo, sinta a música e se deixe levar.

– Depois comece a ouvir a música prestando atenção em cada detalhe: melodia, nuances, transições entre os ritmos, pausas, marcações, voz, os diferentes insrumentos… eu sei, eu sei, para quem está começando é difícil identificar ritmo, instrumentos, mas você vai ver como aos poucos vamos apurando nossos ouvidos.

– Aos poucos vá tentando colocar dinâmica na sua dança… como assim dinâmica??? (Ah, essa aula do Gamal valeu por anos e anos de estudo!!!) – tente variar a intensidade e a velocidade dos movimentos de acordo com a música.

– Não há leitura musical certa ou errada, cada pessoa escuta a música de uma forma, coloca a sua emoção, responde com o corpo aquilo que está sentindo e isso não se copia, é seu e pronto.

– A técnica é importante, não deixe de fazer aulas técnicas, os movimentos são aprendidos e aprimorados em sala de aula e se tem algum movimento que você ainda não domine mas gostaria de executar, treine, faça “milhões” de vezes, é a repetição que nos leva à “perfeição”.

– Cada corpo é um corpo, por isso não fique triste se o seu movimento não estiver “igual” ao daquela bailarina maravilhosa que vc admira, adapte ao seu jeito, ao seu corpo.

– O improviso é um caminho que nos leva à diversas descobertas, por isso EXPERIMENTE!!!

Beijossss e bom improviso!!!